Éder Gil de
Souza, nascido em São Paulo, em 2 de outubro de 1985, tem uma trajetória
interessante. Depois de aprender a desenhar por conta própria, resolveu fazer
uma das oficinas dos Fanzines nas Zonas de Sampa, em 2009, com o oficineiro Jozz
para conhecer um pouco mais sobre a técnica dos quadrinhos. Gostou tanto da
experiência que repetiu a dose em 2010, dessa vez com o oficineiro Fernando dos
Santos de quem acabou se tornando amigo e parceiro de trabalhos. Seu álbum “Seu
Turno” foi aprovada pelo ProAc, programa do governo do Estado de São Paulo, que
incentiva a produção em quadrinhos e deve ser publicado ainda este
ano.
Como nasceu o seu interesse em fazer quadrinhos?
Desde pequeno
gosto de desenhar e sempre pratiquei. Adorava inventar personagens, mas só os
desenhava em poses congeladas. Achava muito complicado compor cenários. Comecei
a fazer a minha primeira HQ baseada em um roteiro de RPG que havia lido na
revista Tormenta. Esbocei uma boa parte, mas não cheguei a concluir. Eu queria
fazer uma história que fosse totalmente minha, mas nunca estava inspirado para
fazer. Fiquei um tempo sem produzir até que um dia conheci um artista chamado
Breu. Ele distribuía o fanzine Resistência e eu achei aquilo simplesmente
genial. Nunca tinha visto um fanzine. O Breu não era famoso, não tinha editora e
nem distribuidora, mas produzia. E tinha a sua história ali, em formato físico.
Aquilo mexeu comigo. Decidi que inspiração não era necessária. Se eu queria
mesmo ter a minha HQ eu tinha de sentar e produzir. E foi o que eu fiz. Comecei
a escrever com uma noção muito vaga da história, mas descobri que escrevendo e
trabalhando, as ideias começam a surgir Assim nasceu o meu interesse em fazer
quadrinhos.
Quais estilos costuma ler e quais autores o
influenciaram?
Gosto de mangá. E ultimamente comecei a consumir quadrinhos
nacionais. É impossível definir um estilo brasileiro. O que eu posso dizer é que
sendo nacional e de ação é quase certo que vou comprar. Um caso à parte foi
Daytripper. Não sou muito fã desse gênero, mas não tem como não gostar desse
álbum. Autores que me influenciam? Na arte eu gosto muito do estilo do Hyung
Min-woo, autor do manhwa Priest, e do Bruce Timm. No roteiro curto muito Masashi Kishimoto e Kentaro Miura.
Fanarte: Sir Cebolinhus |
Quando você fez a oficina do Fanzines
nas Zonas de Sampa? Como foram os cursos?
Participei em 2009 com Jozz, e 2010
com Fernando dos Santos. Eu trabalhava na loja de CDs do meu pai e chegava
sempre atrasado nas aulas. Eu já estava produzindo a minha HQ e as aulas na
oficina me ajudaram muito na produção de muitas páginas. Aprendi com o Jozz a
pegar referências de fotos e não de outras ilustrações para que eu não virasse
uma cópia mal feita de outro ilustrador. Aprendi sobre planos. Fizemos
exercícios de panorâmica ao ar livre. E o Jozz deu várias dicas sobre a minha
HQ. Em 2010 eu não pretendia participar por que estava com menos tempo
disponível, fui à biblioteca apenas para rever o pessoal. Mas o Fernando dos
Santos me ensinou sobre perspectiva, uma aula que eu havia perdido em 2009, e
acabou me convencendo a participar. Foi ótimo! Aprendi mais coisas que havia
perdido e me tornei um grande amigo do Fernando.
Qual foi a
importância desse curso pra você?
O curso é ótimo! É uma grande oportunidade
para muitas pessoas que não têm condições de bancar um curso de HQ. Sem dizer
que é ministrado por ilustradores de grande nome e competência. O curso é de HQ,
mas os instrutores acabam ensinando bem mais. Conversávamos sobre o mercado de
trabalho, como apresentar um projeto para uma editora, animação. Eu nunca tinha
ouvido falar de storyboard. Sempre que eu precisava de alguma dica profissional,
que não tinha nada a ver com o curso, eles me indicavam o caminho. E indicam até
hoje.
Você atua profissionalmente com quadrinhos ou ilustração?
Sim!
Recebo bastante encomendas de caricaturas, mas já fiz alguns trabalhos de
ilustração para algumas agências. Quadrinhos ainda não. O projeto premiado pelo
ProAC será o meu primeiro trabalho profissional de quadrinhos.
Fale
então do seu projeto aprovado pelo ProAc. Quando deve estar concluído? Quais são
os planos para depois desse projeto?
“Seu Turno” é a primeira HQ que
produzo. Na verdade, essa é a segunda versão, a primeira fiz no tamanho de um
A5. Os ilustradores CelãoXXX e Jozz é que me deram a dica de redesenhar as
páginas no formato A3. Fiquei sabendo do ProAC pelo twitter do Sidney Gusman,
editor do site UniversoHQ. Consultei o Fernando dos Santos e ele me explicou
mais sobre o edital. Inscrevi o meu projeto sem muitas esperanças. Na minha
cabeça, só ilustradores de nome ganhavam, mas fui surpreendido! “Seu Turno
estava lá entre as dez selecionadas! Estou na fase final da HQ, acho que em uns
três meses já deve estar concluída. As cores ficaram por conta do Raff Ribeiro e
os tons de cinza e diagramação do Fernando dos Santos. Apesar de ser uma
história fechada pretendo produzir a continuação, mas antes estou estudando
produzir outras duas histórias que tenho em mente.
Prévia de uma página da HQ Seu Turno |
Deixe uma mensagem
para quem pretende fazer uma oficina do Fanzines nas Zonas de
Sampa.
Dedique-se, porque vale a pena. Explore ao máximo o seu oficineiro,
ele tem muita habilidade e experiência. A oficina é uma oportunidade de aprender
uma profissão! E é gratuita! Sem dizer que é muito divertida. Uma ótima
oportunidade para quem souber aproveitar. Se você mora em São Paulo, corra atrás
porque aqui tem muita oportunidade de aprender.
Para conhecer mais
sobre o trabalho do Éder
acesse: Seu Turno e Eder Ilustrações
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