segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ex-aluno do Fanzines nas Zonas de Sampa terá álbum publicado




Éder Gil de Souza, nascido em São Paulo, em 2 de outubro de 1985, tem uma trajetória interessante. Depois de aprender a desenhar por conta própria, resolveu fazer uma das oficinas dos Fanzines nas Zonas de Sampa, em 2009, com o oficineiro Jozz para conhecer um pouco mais sobre a técnica dos quadrinhos. Gostou tanto da experiência que repetiu a dose em 2010, dessa vez com o oficineiro Fernando dos Santos de quem acabou se tornando amigo e parceiro de trabalhos. Seu álbum “Seu Turno” foi aprovada pelo ProAc, programa do governo do Estado de São Paulo, que incentiva a produção em quadrinhos e deve ser publicado ainda este ano.

Como nasceu o seu interesse em fazer quadrinhos?
Desde pequeno gosto de desenhar e sempre pratiquei. Adorava inventar personagens, mas só os desenhava em poses congeladas. Achava muito complicado compor cenários. Comecei a fazer a minha primeira HQ baseada em um roteiro de RPG que havia lido na revista Tormenta. Esbocei uma boa parte, mas não cheguei a concluir. Eu queria fazer uma história que fosse totalmente minha, mas nunca estava inspirado para fazer. Fiquei um tempo sem produzir até que um dia conheci um artista chamado Breu. Ele distribuía o fanzine Resistência e eu achei aquilo simplesmente genial. Nunca tinha visto um fanzine. O Breu não era famoso, não tinha editora e nem distribuidora, mas produzia. E tinha a sua história ali, em formato físico. Aquilo mexeu comigo. Decidi que inspiração não era necessária. Se eu queria mesmo ter a minha HQ eu tinha de sentar e produzir. E foi o que eu fiz. Comecei a escrever com uma noção muito vaga da história, mas descobri que escrevendo e trabalhando, as ideias começam a surgir Assim nasceu o meu interesse em fazer quadrinhos.

Quais estilos costuma ler e quais autores o influenciaram?
Gosto de mangá. E ultimamente comecei a consumir quadrinhos nacionais. É impossível definir um estilo brasileiro. O que eu posso dizer é que sendo nacional e de ação é quase certo que vou comprar. Um caso à parte foi Daytripper. Não sou muito fã desse gênero, mas não tem como não gostar desse álbum. Autores que me influenciam? Na arte eu gosto muito do estilo do Hyung Min-woo, autor do manhwa Priest, e do Bruce Timm. No roteiro curto muito Masashi Kishimoto e Kentaro Miura.



Fanarte: Sir Cebolinhus

Quando você fez a oficina do Fanzines nas Zonas de Sampa? Como foram os cursos?
Participei em 2009 com Jozz, e 2010 com Fernando dos Santos. Eu trabalhava na loja de CDs do meu pai e chegava sempre atrasado nas aulas. Eu já estava produzindo a minha HQ e as aulas na oficina me ajudaram muito na produção de muitas páginas. Aprendi com o Jozz a pegar referências de fotos e não de outras ilustrações para que eu não virasse uma cópia mal feita de outro ilustrador. Aprendi sobre planos. Fizemos exercícios de panorâmica ao ar livre. E o Jozz deu várias dicas sobre a minha HQ. Em 2010 eu não pretendia participar por que estava com menos tempo disponível, fui à biblioteca apenas para rever o pessoal. Mas o Fernando dos Santos me ensinou sobre perspectiva, uma aula que eu havia perdido em 2009, e acabou me convencendo a participar. Foi ótimo! Aprendi mais coisas que havia perdido e me tornei um grande amigo do Fernando.
    
Qual foi a importância desse curso pra você? 
O curso é ótimo! É uma grande oportunidade para muitas pessoas que não têm condições de bancar um curso de HQ. Sem dizer que é ministrado por ilustradores de grande nome e competência. O curso é de HQ, mas os instrutores acabam ensinando bem mais. Conversávamos sobre o mercado de trabalho, como apresentar um projeto para uma editora, animação. Eu nunca tinha ouvido falar de storyboard. Sempre que eu precisava de alguma dica profissional, que não tinha nada a ver com o curso, eles me indicavam o caminho. E indicam até hoje.

Você atua profissionalmente com quadrinhos ou ilustração?
Sim! Recebo bastante encomendas de caricaturas, mas já fiz alguns trabalhos de ilustração para algumas agências. Quadrinhos ainda não. O projeto premiado pelo ProAC será o meu primeiro trabalho profissional de quadrinhos.

Fale então do seu projeto aprovado pelo ProAc. Quando deve estar concluído? Quais são os planos para depois desse projeto? 
“Seu Turno” é a primeira HQ que produzo. Na verdade, essa é a segunda versão, a primeira fiz no tamanho de um A5. Os ilustradores CelãoXXX e Jozz é que me deram a dica de redesenhar as páginas no formato A3. Fiquei sabendo do ProAC pelo twitter do Sidney Gusman, editor do site UniversoHQ. Consultei o Fernando dos Santos e ele me explicou mais sobre o edital. Inscrevi o meu projeto sem muitas esperanças. Na minha cabeça, só ilustradores de nome ganhavam, mas fui surpreendido! “Seu Turno estava lá entre as dez selecionadas! Estou na fase final da HQ, acho que em uns três meses já deve estar concluída. As cores ficaram por conta do Raff Ribeiro e os tons de cinza e diagramação do Fernando dos Santos. Apesar de ser uma história fechada pretendo produzir a continuação, mas antes estou estudando produzir outras duas histórias que tenho em mente.



Prévia de uma página da HQ Seu Turno

Deixe uma mensagem para quem pretende fazer uma oficina do Fanzines nas Zonas de Sampa.
Dedique-se, porque vale a pena. Explore ao máximo o seu oficineiro, ele tem muita habilidade e experiência. A oficina é uma oportunidade de aprender uma profissão! E é gratuita! Sem dizer que é muito divertida. Uma ótima oportunidade para quem souber aproveitar. Se você mora em São Paulo, corra atrás porque aqui tem muita oportunidade de aprender. 

Para conhecer mais sobre o trabalho do Éder acesse: Seu Turno e Eder Ilustrações

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